O velório da radioatriz Maria Alice Barreto está ocorrendo, desde às 21h30, na Capela B do Cemitério São Francisco de Assis, em Itacorubi, Florianópolis. Ela faleceu no final desta tarde vítima de falência múltipla dos órgãos. O enterro será nesta quarta-feira (29), às 11 horas da manhã.
Maria Alice Barreto, que fez muito sucesso nas emissoras de rádios de Florianópolis e na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, havia ficado internada 20 dias na UTI do Hospital Celso Ramos. A sua saúde, já debilitada, havia piorado após ter quebrado o fêmur da perna esquerda, que é o osso mais longo do corpo, localizado na coxa.
Florianopolitana, a atriz tinha completado, no dia 12 de setembro, 78 anos. Possuía apenas uma filha, Miriam Barreto Trigo da Silva, que lhe deu os netos Loise e Leonardo. Por decisão própria, morava sozinha num prédio da Rua dos Ilhéus, no coração da cidade. Muito independente, conforme o vizinho, o jornalista Marcos Cardoso, “ela não queria ninguém cuidando dela e nem morar com a filha casada e netos”.
Carreira
Maria Alice Barreto entrou no mundo do radioteatro em 1946, aos 14 anos , época em que era fã das novelas da Rádio Difusora de São Paulo. De tanto insistir, sua mãe lhe arranjou um teste na Guarujá de Florianópolis. Sob os olhares de Gustavo Neves Filho, autor de novelas, leu um texto no ar e foi aprovada. Entre 1949-1950, já estava ensaiando para participar da primeira novela da emissora. Em Nuvem Negra em Céu Azul deveria interpretar o papel de uma criada, porém, no final dos ensaios foi designada para fazer o papel principal. “Na verdade nunca fiz ponta”, confessou. “Sempre fiz papel principal”. Na Guarujá ficou por cerca de cinco anos, onde fez também A Hora Infantil, substituindo o ator Pituca .
Neste período, tomou a iniciativa de escrever várias cartas para Otto Lara Resende, redator-chefe da Revista Manchete, na ainda capital federal. Queria a todo custo fazer carreira fora do estado. Mas Otto rebatia as missivas dizendo que ela não teria chances de emplacar no elenco carioca, ainda mais na Nacional, alvo da radioatriz.
Depois da Guarujá, Maria Alice foi para a Diário da Manhã, atual CBN Diário, onde ficou por cerca de 6 meses. A passagem meteórica pela RDM tinha uma explicação, pois a contragosto da família, ela resolveu, junto com uma irmã, embarcar para o Rio batendo à porta do redator da Manchete. Lá chegando, a especialíssima em papel de moça ingênua e voz de criança, insistiu para que Lara Resende a recomendasse para algumas emissoras. “Pelo menos para fazer teste”, disse ela.
Assim sendo, encenou esquetes na Nacional e na Mayrink Veiga. Passou nas duas. “Mas claro que eu optei pela Nacional, na época a maior rádio do Brasil ”. Esse teste na Nacional aconteceu em 15 de novembro de 1955. Na “poderosa” trabalhou com os autores Dias Gomes, Janete Clair, Oduvaldo Vianna, Giusepe Ghiarone , Mário Lago, Moysés Weltman e Álvaro Aguiar.
O papel de Aninha
Um dos papéis lembrados por Maria Alice é o da secretária de O Anjo, um milionário bonitão pronto para prender os malfeitores. Mas a personagem que a imortalizou no radioteatro da Nacional foi a Aninha, a namorada do mocinho em Jerônimo, o Herói do Sertão. Neste seriado, feito par atingir o público masculino, Mílton Rangel fazia o papel de Jerônimo e Cahuê Filho, o de moleque Saci.
Na Nacional, Maria Alice ficou até 1965. Depois fez trabalhos na Rádio Globo, como A Vida de Cada Um, e na Rádio MEC, no Projeto Minerva. No cinema se destacou na dublagem, em 1958, de A Bela Adormecida. Neste tipo de atividade ficou até 1978.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
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